A situação do jornalismo nacional não é das melhores e o momento político não ajuda nem um pouco. É difícil encontrar um jornal que já não esteja tachado de comunista ou fascista, que possa cumprir sua função de informar sem que suas intenções sejam questionadas. A polarização causada pelo momento político quebrou ainda mais a confiança nos grandes canais de comunicação e diversas pessoas e grupos se aproveitaram disso para trazer ainda mais desconfiança na mídia. E para ajudar, o jornalismo não se ajuda.
Quem informa e fiscaliza em tempos de falta de credibilidade dos grandes meios de comunicação do país?
A falta de segurança da população gera uma busca por informações em fontes alternativas, muitas vezes suspeitas, e a verdade se torna algo conveniente ao objetivo da divulgação de algo. O que é fake news quando tudo que se compartilha é considerado fake news por alguém? Quem fiscaliza isso?
Teoricamente, os grandes veículos de comunicação são preparados para informar de uma maneira completamente esclarecedora, mas, infelizmente, os últimos anos mostraram que isso não é o caso em todas as vezes. Onde fica o dever de informar de um programa com o presidente onde a grande pergunta da noite foi sobre como ele conheceu sua esposa?
“Jornalismo de qualidade exige recursos.”
A busca por recursos é compreensível, mas isso não pode ferir o fundamento primordial do jornalismo. É ético um veículo de grande circulação barrar a informação e disponibilizar os fatos somente aos assinantes de seu jornal? Não importa o tamanho do furo ou o impacto da bomba, se o leitor não consegue ler além do título, ele vai buscar informações em lugares menos confiáveis. Talvez até em boatos que ele recebe diariamente no celular. E alguém mal intencionado pode se aproveitar disso. Com isso, os discursos de ódio aos jornais tradicionais ficam cada vez mais fortes e a população, muitas vezes manipulada, se coloca completamente contra qualquer coisa que possa ser dita por um veículo de comunicação.
Independente do resultado das eleições de 2018, o jornalismo nacional vai acabar o ano bastante deslegitimado. Agora é a hora de estudar novas maneiras de se manter um veículo de informação e utilizar os benefícios da internet de uma maneira saudável, rentável e ética. Por isso, a melhor forma de conquistar confiança é apresentar uma solução acessível e clara.
O fato de o WhatsApp ter sido um dos grandes personagens dessas eleições precisa ser analisado. A facilidade de acesso proporcionada pela internet não pode ser exclusividade de pessoas mal intencionadas.
Agora, mais do que nunca, é a hora de escrever. A informação não pode parar.
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