Invasão Secreta é a nova série da Marvel no Disney + e ela ganhou um grande destaque nos últimos dias. Por causa da qualidade? Não. Logo nos primeiros momentos de lançamento já ficou claro que a animação de abertura foi criada por Inteligência Artificial e isso foi assunto de muita discussão.

A animação apresenta traços bem característicos de imagens genéricas criadas por programas de IA. E não digo isso como uma forma de diminuir a ferramenta. A impressão que as imagens passam é que elas foram feitas num processo bem raso de produção a partir da Inteligência Artificial. Diversos artistas usaram frames para apontar as inconsistências das imagens, que aparecem bem desfiguradas.

O produtor da série, Ali Selim, afirmou ser proposital: “Quando pensamos em usar a inteligência artificial, foi para realçar o clima de paranoia, a coisa da identidade Skrull. Você olha e se pergunta: ‘Quem fez isso? O que é isso?'” disse, ele.  O trabalho foi realizado pela Method Studios, com o uso de IAs generativas.

Mas será que o motivo foi realmente esse?

Invasão Secreta tem alienígenas fingindo serem humanos na trama. Cópias baratas e superficiais tentando se passar pelas pessoas originais. Basicamente o que diversos “artistas” de IA têm feito por aí. Se olhado como crítica, ironicamente funciona. O problema é que isso não para por aí. Independente do uso na narrativa, seja sério ou irônico, isso acaba substituindo o tempo e a mão de obra de profissionais criativos que poderiam abordar esses conceitos de forma mais efetiva. Com uma visão artística real.

O problema é ainda mais embaixo

A questão dessa animação vai além da qualidade. Afinal, o que precisamos realmente discutir é o quanto sua existência acaba normalizando o uso de imagens genéricas como forma produção. A Marvel e a Disney já nos presentearam com anos de mediocridade cinematográfica que nivelaram a qualidade de grandes produções por baixo. Isso sem falar na abordagem apressada que gerou diversos CGIs ruins em suas obras para visar na entrega rápida.

Quando falo genéricas, que fique claro que não é apenas um ataque às inteligências artificiais. É que isso é exatamente o que elas entregam. IAs não criam, elas formam textos ou imagens a partir de conteúdos que já existem. E mesmo que elas evoluam mais e mais, o máximo que elas podem chegar é num patamar de um artista que replica o básico. Sem novo, sem criatividade real.

Usar o medíocre como referência de qualidade nos afasta cada vez mais de obras pensadas, reflexivas e com uma produção original. Isso sem falar que essa naturalização do básico transforma a função de certos profissionais defasada aos olhos dos produtores.

Muitas pessoas apontam a qualidade da animação como problema, quando na verdade deveríamos estar pensando na “economia” que a Disney pode ter visado ao fazer isso. Os diversos programas de inteligência artificial que surgiram nos últimos meses não são o real problema. O pior nisso tudo são as empresas fazendo uso dela para substituir funcionários e esvaziar salas de ambientes criativos.

Programas como Midjourney ou ChatGPT serem tão poderosos não é necessariamente uma coisa ruim. O problema é eles serem usados como desculpa para enxugar um setor ou uma empresa como um todo.

Como sempre, o problema é o velho rico em busca de ainda mais dinheiro.

Pezinho sempre atrás!

A discussão é ainda mais profunda e deve ganhar ainda novos elementos nos próximos meses. Por fim, é importante não cairmos nessa narrativa de que inteligências artificiais podem substituir pessoas. Dizer que empregos estão ameaçados é só uma forma de descartas pessoas para lucrar mais ou papo de algum coach de instagram tentando vender curso sobre isso.

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